Mata Atlântica: só 7% desta floresta tropical sobreviveram à ação humana

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Projeto de Corredores Ecológicos muda comportamento de produtores rurais

Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Vegetação da Mata Atlântica, uma das maiores
florestas tropicais da América do Sul
(Foto: Divulgação)
A Mata Atlântica é uma das maiores florestas tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil, onde só é comparável à Floresta Amazônica. Mas em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Sua maior característica é a abrangência. Seu grande diferencial é sua diversidade tanto em latitude quanto em altitude. Ela acompanha o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, passando por regiões meridionais e pela Região Nordeste.
Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a Mata Atlântica cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Apesar de reduzida hoje a poucos fragmentos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores do planeta. A área original da Mata Atlântica abrangia total ou parcialmente dezessete estados, com 1.315.460 km² de extensão, 15% do território brasileiro. Atualmente o remanescente é 102.012 km², 7,91% da área original. Em alguns lugares, como o Rio Grande do Norte, não há vestígios dela. Só sobraram 7% da área original, o que significa que muita coisa se perdeu com o desmatamento, no entanto, este percentual representa uma área maior que todo o território da Áustria, por exemplo. A Região Sudeste é, atualmente, a que preserva a maior parte da Mata Atlântica, em lugares como a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. A maior parte da área litorânea pertencente à mata é hoje coberta por cidades, pastos e agricultura.
Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Apenas 7% da área original da Mata Atlântica
foram preservadas (Foto: Divulgação)
O uso da floresta atlântica foi diferente em cada lugar do Brasil. Em diversos locais, a cultura de produtos agrícolas como o café, a exploração da madeira, o comércio de plantas e animais, e a extração de ouro foram os responsáveis pelo desmatamento. Da Região Nordeste até o Rio de Janeiro, a criação de gado foi a forma de exploração da mata.
Hoje em dia, em toda área de Mata Atlântica no Brasil existem 131 unidades de conservação federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por dezesseis estados. Segundo o professor, embora haja um número razoável de unidades de conservação, a preservação atual ainda não é suficiente.
Quando a Constituição Federal de 1988 conferiu à Mata Atlântica o status de Patrimônio Nacional, a definição de que áreas compõe o domínio da Mata Atlântica passou a ser preponderante para a política de conservação. Depois de algumas reformulações, a definição passou também a designar as áreas que originalmente formavam uma cobertura vegetal contínua. O reconhecimento definitivo foi conferido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em 1992, incorporado ao Decreto 750 de 1993, reconhecido pela Lei 11.428, de 2006 e regulamentado pelo Decreto 6660 de 21 de 2008.

Principais parques urbanos da Região Sudeste fazem parte do bioma da Mata Atlântica
Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Parque Estadual da Pedra Btanca tem vegetação
típica da Mata Atlântica (Foto: Divulgação)
O Parque Estadual da Pedra Branca abriga a maior floresta urbana do mundo. Localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o parque possui 12.500 hectares de área coberta de vegetação típica da Mata Atlântica, ocupando cerca 10% da área total da Cidade Maravilhosa.

Também remanescente da Mata Atlântica, o Parque da Cantareira, em São Paulo abriga várias espécies em risco de extinção, em uma área equivalente a 10 mil campos de futebol. O terreno serve de proteção para os mananciais ali presentes.

Inaugurado em 1982, o Parque Ecológico do Tietê, também em São Paulo, foi criado para drenar a água da chuva, evitando assim, uma enchente na marginal. Tem como função preservar a Várzea do Tietê, mas é também um importante laboratório de educação ambiental. Em 2004, o Governo do Estado começou a obra de revitalização do parque.

Ação humana altera biomas
Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Corredores ecológicos criados para aumentar a
conexão de fragmentos de vegetação natural na
Mata Atlântica (Foto: Divulgação)
O maior responsável por interferências que resultam em mudanças nas florestas é o ser humano. Quando ele se aproxima das áreas rurais provoca efeito de borda. A biodiversidade é menor nas bordas, a mais ou menos 15 metros da rua ou da estrada. Os animais não usam esse espaço e as espécies de plantas mudam.

Além da poluição que sai dos canos de descarga dos carros, as bordas sofrem também com o excesso de sol. No Parque Santo Dias, em São Pualo,  por exemplo, acabaram nascendo espécies mais resistentes, como as embaúbas (Cecropia hololeuca), e houve invasão de capim. O espaço é um trecho de Mata Atlântica remanescente do processo de urbanização. É localizada bem no meio da periferia paulista, onde o entorno é todo formado por construções. Para preservar esse pequeno tesouro, foram fechadas uma série de trilhas usadas pela população local para caminhadas e passeios ecológicos.

Com o fechamento das trilhas, apareceram animais que há tempos estavam sumidos como a coruja, o gavião carcará, o pássaro alma de gato e o lagarto teiú são alguns deles. No meio do parque, onde o ar é puro, há espécies vegetais típicas da Mata Atlântica, como bromélias, cedro, jatobá, palmeiras e palmitos.

Corredores ecológicos
Organizações Não Governamentais vem trabalhando para aumentar a conexão de fragmentos de vegetação natural a fim de garantir o fluxo gênico das espécies na região Centro-Oeste do Brasil. Os primeiros Projetos Corredores Ecológicos (PECs) foram voltados para a Mata Atlântica. Durante o processo de diagnóstico, as ONGs e seus parceiros identificam locais onde havia ambientes naturais, e a presença de espécies da fauna existentes também no parque, uma vez que esses animais precisam se deslocar de um ponto ao outro e estabelecer sua área de vida. É feito um redesenho das paisagens com a proposta de criar reconexões desses ambientes através do reflorestamento de algumas áreas.
Com o projeto corredor ecológico em andamento, houve uma mudança no comportamento dos produtores rurais, que passaram a valorizar o bioma, do qual saem serviços ambientais como a manutenção da qualidade do ar, do clima e da água, essenciais para a alta produtividade, e para a sobrevivência das espécies que nele habitam, promovendo, assim, uma relação harmônica entre preservação ambiental e produção agropecuária onde um depende do outro.
Conheça as espécies ameaçadas de extinção que estão no bioma da Mata Atlântica
Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Palmito juçara, espécie nativa da Mata Atlântica
ameaçada de extinção (Foto: Divulgação)
A fragmentação das florestas e a caça ilegal são as principais causas do desaparecimento dos grandes mamíferos das florestas da Mata Atlântica. Porcos do mato, queixadas e antas são algumas das maiores vítimas da transformação das florestas em agricultura ou pastos e também são os principais alvos dos matadores. Maior mamífero presente na Mata Atlântica, as antas costumam ser lentas, solitárias e dóceis. É um animal com hábitos noturnos e com taxa de reprodução muito baixa. Uma gestação dura 13 meses e o filhote permanece com a mãe pouco mais de um ano. A mesma fêmea leva de dois a três anos para gerar de novo. Por serem solitárias, ainda precisam contar com a sorte de encontrar um macho.

No programa Globo Ecologia sobre Florestas Vazias, o repórter Tiago de Barros percorreu o Parque Estadual Carlos Botelho, localizado na Serra de Paranapiacaba, região sudeste do estado de São Paulo, e mostrou como a ação do homem ameaça as florestas da Mata Atlântica. O repórter descobriu que o corte ilegal de palmito juçara (Euterpe edulis) está ameaçando a biodiversidade de áreas como essa.
Globo Ecologia: Mata Atlântica (Foto: Divulgação)Euterpe edulis, vulgo palmito juçara, por conta da
extração ilegal várias áreas da Mata Atlântica já não
têm pés  (Foto: Divulgação)
O juçara é o palmito nativo que nasce na floresta da Mata Atlântica, que cobre as encostas do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. Um hectare (ou seja uma área de 100 m x 100 m), normalmente, tem 500 palmeiras adultas e cada uma carrega cerca de três cachos com três mil frutos cada um. Cada fruto é muito rico em lipídios, que os animais utilizam para ter energia para reproduzir. Por causa da extração ilegal, várias áreas naturais já não tem palmeiras juçaras de pé. Alguns perderam também animais como o tucano e a jacutinga.
Saiba como denunciar crimes ambientais como o desmatamento

Uma porcentagem muito pequena da população tem consciência do prejuízo que podem gerar para a natureza o desmatamento ilegal, o cativeiro de animais, a poluição desregulada, a caça, os acidente com produtos químicos, queimadas, pesca predatória etc. Além de mudar o ciclo de reprodução de plantas e animais, a derrubada de vegetação nativa pode também desregular o clima. Hoje em dia há tecnologia que permite o monitoramento das florestas, mas mesmo assim ainda há invasões irregulares que podem (e devem) ser denunciadas por membros da população. Para outros crimes ambientais além do desmatamento, há órgãos fiscalizando. Mas nunca é suficiente, afinal, muitos deles são cometidos na surdina.

Para quem quer ajudar a cultivar as riquezas de nosso país, o mais indicado é fazer contato com a polícia ambiental do estado “em perigo”, e a pessoa não é obrigada a se identificar. O Ibama e o SOS Mata Atlântica recebem denúncia pela internet. Para saber o telefone da PM Ambiental da sua região, acesse o site PM Ambiental Brasil. O telefone do Ibama é 0800-61-8080, mas o horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h. Para denunciar pelo site, é necessário ir na página Formulário de Solicitação de Auxílio e, em “Solicitação”, escolher a opção “Denúncia“. Visite também o site da SOS Mata Atlântica.

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